quinta-feira, 5 de maio de 2016

um instante de perplexidade

imagem via pixabay


Uma névoa branca, ora mesclada de tons roxos e azuis esmaecidos ao fundo da pele. Quase sem palavras para tocar o que digo. Não é mais o que quero, é o que pretendo fazer do que me aparece sem intenções de possessão sobre meu instinto completo de saber quem sou: um punhado de mutações imprevisíveis.

Quando pensei no processo criativo da névoa branca - no que poderia se tornar um ato do tranquilo insano pensamento – provoquei minha capacidade quase desconhecida de transformar seres e coisas no reverso do que se é ou do que poderia ter sido, ou ainda no que não pode adquirir vida própria por pura insatisfação dos sentidos.

Como é essa coisa estranha dos laços, das memórias, das ligações que nos une sem preparativos e nos prende até o último instante de vida, mesmo sabendo que não fazemos mais parte, por alguns instantes, desse mundo que deixamos para trás. À revelia? Ausentes? Perplexos e atônitos diante de nós mesmos.

É esse todo que ao mesmo tempo é uma parte de nós, e nem sempre aprovamos a companhia para seguir àquela espécie estranha de névoa branca. Em troca, vamos fingindo e imaginando que não somos mais, que fomos esquecidos em algum momento desagradável do percurso. Totalmente enganados, da mesma forma que se larga um livro por pura decepção, quando não atende aos nossos olhos ávidos pela descoberta.

Do desconhecido? Falo do que podemos e temos liberdade para nomear como quisermos, a nosso próprio gosto. Não é por ele que seguimos a vida inteira? A surpresa, o ato, as cenas, a admiração, o susto, a ansiedade, a perplexidade.

O que nos une é ao mesmo tempo desejo e necessidade; e o que impera é a busca sem pudor, porque tudo vale a nossa vida.

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