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Uma névoa
branca, ora mesclada de tons roxos e azuis esmaecidos ao fundo da pele. Quase
sem palavras para tocar o que digo. Não é mais o que quero, é o que pretendo
fazer do que me aparece sem intenções de possessão sobre meu instinto completo de
saber quem sou: um punhado de mutações imprevisíveis.
Quando
pensei no processo criativo da névoa branca - no que poderia se tornar um ato
do tranquilo insano pensamento – provoquei minha capacidade quase desconhecida
de transformar seres e coisas no reverso do que se é ou do que poderia ter
sido, ou ainda no que não pode adquirir vida própria por pura insatisfação dos
sentidos.
Como é
essa coisa estranha dos laços, das memórias, das ligações que nos une sem
preparativos e nos prende até o último instante de vida, mesmo sabendo que não
fazemos mais parte, por alguns instantes, desse mundo que deixamos para trás. À
revelia? Ausentes? Perplexos e atônitos diante de nós mesmos.
É esse
todo que ao mesmo tempo é uma parte de nós, e nem sempre aprovamos a companhia
para seguir àquela espécie estranha de névoa branca. Em troca, vamos fingindo e
imaginando que não somos mais, que fomos esquecidos em algum momento
desagradável do percurso. Totalmente enganados, da mesma forma que se larga um
livro por pura decepção, quando não atende aos nossos olhos ávidos pela
descoberta.
Do
desconhecido? Falo do que podemos e temos liberdade para nomear como quisermos,
a nosso próprio gosto. Não é por ele que seguimos a vida inteira? A surpresa, o
ato, as cenas, a admiração, o susto, a ansiedade, a perplexidade.
O que
nos une é ao mesmo tempo desejo e necessidade; e o que impera é a busca sem
pudor, porque tudo vale a nossa vida.
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